Autor: Victor Melo

POR ESSE RIO ACIMA

O calor de verão quase derretia o asfalto do Porto e eu estava sedento de uma reportagem ao ar livre. Falei com os meus editores, enchi uma mochila com tralhas e parti para os confins nortenhos de Portugal. Esperava-me uma expedição em canoa ao longo de quatro dias e quase 100 quilómetros pelas águas azul-esmeralda do desfiladeiro selvagem do Douro Internacional. A aventura transformou-se numa reportagem de quatro capítulos, intitulada “Por esse Rio Acima” e publicada nos primeiros dias de Setembro de 2007. Está agora disponível para ser lida na íntegra. Uma aventura à força dos remos à distância de um clique.

AREIAS NOCTURNAS

Hoje morreu Ben E. King. Recordo-o com um texto que escrevi numa madrugada há meia década, sobre momentos ainda mais antigos e ilustrados pela música dele. Retratos da espontaneidade da juventude, que viaja livre e eterna com o vento nocturno das noites de verão a ouvir o mar.

PAREDES HUMANAS

Olho para a sua estrutura clássica, com o seu telhado em V e a chaminé num dos cantos. A porta pintada de azul, um azul desmaiado e ao mesmo tempo vívido, como um olhar nórdico. O arbusto que espreita à janela, as sombras desenhadas pelas árvores de fruto e a forma bucólica como o vegetação a contorna, como uma ilha num oceano de águas verdes. Que belo, que sereno será o barulho trémulo dessas águas nos dias de vento, tal como o silêncio nocturno dos céus estrelados, apenas perfurado por cantigas de grilos e cigarras. E olho as suas cicatrizes, inúmeras, que tantos segredos vincarão consigo.

SEMEAR A INSPIRAÇÃO

O acto de semear é cada vez menos natural. A artificialização é deliberada e tem desígnios bem enraizados no controlo industrial do sistema alimentar. As consequências fazem-se sentir a vários níveis, alguns roçam o macabro. Há cada vez mais pessoas atentas a essas raízes e determinadas em arrancá-las. Uma jovem realizadora portuguesa é uma delas. «Seed Act» é a sua enxada.

O PUTO QUE CRUZOU A EUROPA NO DORSO DE UMA SCOOTER «III – Espanha»

O jovem aguedense continua a acelerar a fundo na sua scooter. Está atravessado o segundo país, seguem-se mais quatro até alcançar a tão ambicionada concentração motard na Alemanha. Este é o terceiro capítulo de uma reportagem inédita e exclusiva, onde serão contadas todas as histórias por trás de uma aventura que muitos consideraram impossível, até um puto misturar sonho com determinação e provar o contrário.

TREVAS DE ESPLENDOR

O Café fica no Porto. Todas as segundas-feiras é possível descer umas escadas de madeira e aceder a uma cave onde se recita e partilha poesia. Já o conhecia e até já o frequentava, quando fui enviado para cobrir a noite do vigésimo aniversário da iniciativa. Estive algumas horas dessa tarde a conversar com o criador dessa rotina que se enraizou no quotidiano cultural da cidade, o poeta Joaquim Castro Caldas. À noite, regressei à cave para o ver em ação. Fui desafiado pela minha editora a escrever um texto diferente, com alguma ambivalência, que fosse poético sem deixar de ser jornalístico. Gostei do desafio, embora soubesse que ele era impossível. Pedi para o escrever em casa, durante a noite. Comprei uma garrafa de vinho e tranquei-me na sala com os meus apontamentos e um teclado. Quando a luz entrou pelas janelas, estava escrito e embora tivesse consciência que tinha falhado, sentia-me inebriado com a tentativa. Cinco meses depois, o poeta morreu. Este foi o meu testemunho dessa noite.

CAMINHANDO SOBRE AS ÁGUAS | O TRILHAR DA AUDÁCIA

A visibilidade era quase nula, mas quando Pedro Pacheco limpou a neve do visor do altímetro, este marcava 8300 metros. Era a maior altitude alcançada por um português no monte Everest. Estava a apenas 550 metros do topo do mundo, mas quando a tempestade se intensificou, foi confrontado como o eterno dilema da alta montanha. Prosseguir ou abortar. Avaliou e resolveu seguir o conselho da sua intuição que, calejada pela experiência, lhe garantiu imunidade à “febre do cume”, que já encaminhou tantos alpinistas para a morte.
A história tende a apenas emoldurar os primeiros a alcançar o topo – e ele foi alcançado cinco anos depois por um português (João Garcia) – mas por trás da moldura estão aqueles que ousaram avançar primeiro e trilhar. Pedro Pacheco é um deles e contou-me a sua história numa reportagem publicada em 2007 intitulada “O Trilhar da Audácia”. Não ficámos pela conversa. Levou-me também a atravessar desfiladeiros, explorar grutas subaquáticas e a descer cascatas em rapel, numa atividade que ele introduziu em Portugal, o Canyoning. Também essa aventura se transformou em reportagem: “Caminhando Sobre as Águas”.
Duas reportagens que hoje recordo, na expectativa que a brisa de aventura que ainda carregam vos despenteie sensorialmente.

MANSON: CULTO DE PERSONALIDADE

O verão de 1969 de Los Angeles viu o seu azul resplandecente ser tingido com sangue. Em duas noites de agosto, sete pessoas, incluindo uma estrela de cinema, foram assassinadas de forma macabra. A cidade acordou amedrontada e cheia de interrogações, todas distantes da crua realidade. Quais os desígnios e motivações? De que tecido foi cosido o vasto manto de cumplicidades que aconchegou um dos assassinos mais mediáticos da história?

O PUTO QUE CRUZOU A EUROPA NO DORSO DE UMA SCOOTER «II – A Partida»

Prossegue a odisseia do jovem aguedense que montou numa scooter e cruzou nove mil quilómetros e seis países, com destino a uma concentração motard num bosque alemão. Este é o segundo capítulo de uma reportagem inédita e exclusiva, onde serão contadas todas as histórias por trás de uma aventura que muitos consideraram impossível, até um puto misturar sonho com determinação e provar o contrário.

OS JOVENS, A VELHA E O CIGARRO DELA

Vivências, nostalgia, criatividade, empenho, sede de partilha. Assim nasce uma web-série. Inteiramente produzida por uma equipa independente do Porto, “A Velhinha que Fuma” está disponível para deambular pelos ecrãs dos vossos computadores e telemóveis. Retirem os avisos de não fumador de ambos os ecrãs que este fumo é daquele que faz rir. In a good way! Wait… is there a bad way?

O VERDADEIRO ECTOPLASMA DO FANTASPORTO

Há uns anos entrei no balneário do Fantasporto. Queria conhecer a famosa mística que o acompanha desde a década de 80. A equipa técnica abriu o caderno e contou-me toda a sua história, as suas curiosidades e particularidades. Os adeptos da claque levaram-me para o meio deles e partilharam a devoção, as experiências e rituais por trás de um quarto de século de fidelidade ao festival.

A SERBIAN INTERVIEW

A Serbian Film foi o filme choque da edição 2011 do Fantasporto e vencedor do Prémio Especial do Júri. Banido em vários países, premiado noutros, não deixou ninguém indiferente. O The New York Times considerou-o “Horrivelmente inventivo e desafiante no seu significado oculto”, o Bloody Disgusting deixou uma sugestão: “Tu não queres ver este filme. Apenas pensas que queres”. E uma organização católica moveu um processo judicial ao director do Festival de Sitges, que resolveu exibi-lo apesar de estar oficialmente banido em Espanha. Desígnios e motivações partilhados na primeira pessoa por Srdjan Spasojevic, autor daquele que já se tornou num dos filmes mais polémicos de sempre.

A SERBIAN CRONIC

Em 2011 convidei 15 amigos para uma sessão do Fantasporto, para assistir ao filme choque daquela edição do festival. Implorei-lhes que não pesquisassem nada sobre o filme. Nove não resistiram à tentação e foram ao Google. Desistiram do visionamento. Esta é a história dos seis que não sabiam ao que iam.